terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Queremos crescer 100% no crédito imobiliário

Renata Moura - repórter de Economia

O Banco do Brasil fechou o ano de 2010 com um crescimento de 38,80% nas operações de crédito à pessoa física no Rio Grande do Norte, em relação a 2009 - o valor passou de R$ 1,07 bilhão para R$ 1,47 bi - e espera catapultar o resultado este ano, pegando carona em áreas como o crédito imobiliário, em que começou a atuar há cerca de dois anos. “Temos mercado para crescer e estamos estruturados para buscar essa demanda”, diz o novo superintendente da instituição no estado, Sérgio Luiz Cordeiro de Oliveira. “Nossa expectativa é praticamente dobrar nossa atuação nesse segmento”. Oliveira assumiu o cargo em dezembro. Antes, foi superintendente no Amapá e nos Estados do Ceará e Amazonas. Pernambucano de nascimento e com 46 anos de idade, ele só vinha ao Rio Grande do Norte como “turista” e diz que não é de hoje que enxerga o potencial do mercado. “A economia potiguar é pujante, como a do Nordeste, que cresce a números de China”, avalia. Nesta entrevista, além de falar de crédito, ele fala sobre o concurso que o banco irá realizar para contratação de novos funcionários, sobre os planos de expansão no estado e sobre a Lei das Filas.

Quais são as perspectivas para este ano, em termos de concessão de crédito? 

O crédito deve continuar aquecido no país como um todo.  Apesar das restrições colocadas pelas medidas econômicas recentes [anunciadas pelo Banco Central no início de dezembro] esse é um ano ainda de grande expansão, principalmente nos segmentos que não foram atingidos por essas medidas, como os segmentos de pessoa jurídica e o crédito imobiliário. E nós esperamos um crescimento acima de 20% no volume de negócios.

O crédito para aquisição de veículos foi um dos atingidos pelas medidas do Banco Central. O consumidor precisa dar uma entrada maior e o prazo de financiamento ficou mais curto. Como isso tem afetado o Banco do Brasil?

Nós trabalhamos financiando veículos diretamente para cliente, nas agências, e também através de parceria com a BV Financeira, do Banco Votorantim, da qual somos coproprietários. As medidas provocaram redução no número de operações em função até do próprio cliente se restringir um pouco porque os prazos diminuíram. Com essa diminuição dos prazos, as taxas [de juros] ficaram menos competitivas e, claro, a  demanda diminui. Mas eu diria que ainda é cedo para avaliar de quantos por cento foi a queda nas operações, considerando que as medidas estão em vigor há pouco tempo.

Mas a concessão de crédito para aquisição de veículos tem que participação no volume de financiamentos do banco?

Nosso valor global de financiamentos a pessoa física R$ foi de R$ 1 bilhão 470 milhões. Diria que o crédito para aquisição de automóveis tem uma participação razoável e somou, no ano passado, R$ 69 milhões. Em janeiro, até agora, foram financiados mais R$ 3 milhões para aquisição de veículos. O crédito pessoa física subiu para R$ 1 bilhão 480 milhões em janeiro. Para pessoa jurídica foram R$ 670 milhões no total, em 2010, sendo em capital de giro R$ 555 milhões e o restante para investimentos. Em janeiro, o valor total para pessoa jurídica subiu para R$ 690 milhões. Se juntarmos esses valores ao agronegócio, podemos dizer que em 2010 o volume de crédito chegou a R$ 2,8 bilhões ou R$ 2,9 bilhões.

Ficou dentro da expectativa do banco?

Poderíamos ter crescido mais. Mas foi um bom crescimento, em torno de 18% a 20% no ano. 

O que inibiu um crescimento maior?

Os recursos para serem ampliados não faltariam, porque temos funding suficiente. Talvez tenha faltado uma procura e uma demanda mais estruturada de operações para investimento. Acreditamos que o mercado potiguar ainda pode buscar mais recursos para investimentos. 

O consumidor chega despreparado para pedir crédito?

Não na pessoa física. Na pessoa física observamos uma preparação, um conhecimento das linhas de crédito disponíveis. Tanto que todo o portfólio de linhas de crédito tem sido bastante utilizado. Na parte de pessoa física, podemos crescer e devemos crescer na área de crédito imobiliário. O Banco do Brasil entrou recente nesse segmento, está se adaptando ao mercado.  Entre os grandes bancos de varejo, fomos os últimos a entrar no financiamento imobiliário, até por questões constitucionais. Só podíamos operar com poupança verde, ou seja, toda a nossa poupança era direcionada para a agricultura. Os bancos nas suas constituições escolhiam para que seriam direcionados os recursos da poupança. Como banco fomentador da agricultura nacional, nossos recursos eram direcionados para a agricultura. E através de uma resolução do Banco Central nos últimos dois, três anos o banco conseguiu também operar no crédito imobiliário e isso abre um mercado fantástico para a gente. Só que precisaria que nos estruturássemos para isso, coisa que já aconteceu. Já estamos estruturados para trabalhar com pessoal treinado e com taxas competitivas para buscar uma agressividade maior na parte de credito imobiliário. Tivemos um bom ano em 2010, mas podemos crescer, devemos crescer bastante. Esperamos crescer 100% em relação a 2010. Temos mercado para isso porque o mercado está comprador. A demanda tem sido aquecida. 

Quanto o banco financiou no ano passado? Foi dentro do Minha Casa Minha Vida?

Foram 18 milhões, mas não financiamos ainda no Rio Grande do Norte, dentro do Minha Casa, Minha Vida.

Mas tem planos de começar?

Temos. Mas isso depende também da opção das construtoras. Nosso financiamentos foram para clientes “normais”. Mas é um segmento em que devemos crescer bastante. O Minha Casa, Minha Vida surge como crédito imobiliário para a população emergente. O programa  atende esse perfil, que em grande parte é nosso cliente. Somos o banco com maior quantidade de clientes no estado - com cerca de 650 mil clientes - e  o Minha Casa abre perspectiva para grande parte dessa população, que está chegando no mercado.

Quais são os planos de expansão do banco para este ano?

Estamos presentes hoje em 102 dos 167 municípios do estado, com 76 agências (são 50, desse total, só no interior), 870 terminais de auto atendimento, temos 163 postos de atendimento bancário (pontos de atendimento que ficam dentro de órgãos, ou especificamente dentro de prefeituras) e temos 497 correspondentes bancários. O cliente necessariamente hoje não precisa ir ao caixa. pode ser atendido pela internet, usar máquinas de autoatendimento, o celular – por meio do qual pode realizar algumas operações - buscar o correspondente bancário ou também ir à agência. Nosso plano é abrir seis novas agências em 2011 (Em alto do Rodrigues, Jardim de Piranhas, Parnamirim, mais uma agência para a alta renda em Natal - vai ser a segunda da cidade), uma agência em cidade satélite. Até o final do mês, possivelmente, vamos inaugurar mais uma na Zona Norte (no Norte Shopping). E há a perspectiva de mais 13 agências complementares no interior. Devemos terminar o ano com 95 agências. 

O que é uma agência complementar?

É uma tipologia de agência que saiu recentemente do Banco Central onde o banco entra de forma complementar e de forma compartilhada nos pequenos municípios. Inicialmente vamos estar  em 13 municípios, onde entramos de forma compartilhada com a prefeitura ou com algum ente público que tenha interesse que o banco esteja naquele município. São agências menores que as normais e a partir do desenvolvimento da bancarização daquele município, da elevação da renda, começam a se transformar em agências tradicionais, normais. 

Por que a necessidade de expansão da rede bancária?

Vemos no Brasil uma ascensão muito forte das classes C, D e E. Há um grande crescimento da classe média. Juntamente com isso o banco tem feito uma expansão nacional, tem trabalhado como agente de desenvolvimento, como banco fomentador. É uma política pública do governo federal a  bancarização. Um país conhece o seu grau de desenvolvimento pela bancarização do seu povo e o Brasil tem crescido bastante nessa linha. O Banco do Brasil por estar em todas as regiões, por ser um banco público, um agente de desenvolvimento, trabalha muito forte essa parte de bancarização, que já está bem madura nas capitais e nas grandes cidades mas algumas cidades do interior ainda não possuem estabelecimento bancário então o banco entra lá de forma mais simplificada, bancariza a população, juntamente com as políticas públicas dos municípios, estaduais e federais, consegue elevar a renda da população. Além disso, o banco tem como um dos pilares ma melhoria muito forte no atendimento. Então o banco está crescendo a quantidade de agências, a quantidade de funcionários e a consequência disso é um melhor atendimento para a população, é fidelizar os clientes pelo atendimento, consequentemente aumentando os negócios do banco.

O senhor havia comentado, em entrevista anterior, que seria aberto concurso no Estado para contratar pelo menos 200 novos funcionários. No dia 5 de janeiro, no entanto, o banco lançou edital, mas para formação de cadastro de reserva, sem especificar número de vagas. Como é isso?

Temos hoje trabalhando cerca de 1.200 funcionários. Mas queremos fechar o ano com 1.513, dos quais 1.376 diretamente vinculados a atendimento nas agências. [Também temos algumas áreas de suporte]. Esse número, 1.513, já é uma realidade. Porque o banco assegurou mais 331 funcionários ao quadro do Rio Grande do Norte, o que nos leva a esse número. Essas pessoas vão chegar por meio de concurso. Temos um concurso anterior que ainda está vigor, de 2007.2, com validade de dois anos, prorrogáveis por mais dois. As pessoas estão como cadastro de reserva e são chamadas a medida que as necessidades vão surgindo. Das 331 novas vagas, 132 virão do concurso anterior. Considerando que todos serão chamados, podemos dizer que teremos quase de imediato cerca de 200 vagas. De imediato praticamente 200 pessoas deverão ser convocadas. O concurso foi lançado no Diário Oficial da União no dia 5 de janeiro. As inscrições vão das 10h do dia 11 de janeiro até o dia 7 de fevereiro, ás 14h, no horário de Brasília. Há a necessidade real do banco de contratar cerca de 200 pessoas de forma imediata. O banco faz concurso para cadastro de reserva porque se disser que tem um número de vagas x para tal concurso na medida em que fossem surgindo novas vagas além desse número não poderia ir convocando outros candidatos. Precisaria fazer um novo concurso. Então compõe um cadastro de reserva para que com as saídas naturais, por aposentadorias, transferências, saída para novos empregos, para que sejam abertas vagas.  

O concurso será para escriturário. O que faz esse profissional?

Esse é o nível inicial no trabalho no banco. Eles vão atuar no atendimento ao cliente, podem estar na abertura de contas, na realização de empréstimos mais simples para pessoas físicas. Os funcionários tão logo adentram são treinados e vão atuar na ponta, principalmente nas agências do varejo (um dos tipos em que o banco opera. Além delas, há, por exemplo, as agências empresariais e as voltadas para alta renda).

Temos em vigor em Natal a Lei das Filas, que limita o tempo de espera dos clientes para atendimento nos caixas. Muitos consumidores reclamam, no entanto, que essa lei não é cumprida, e o Banco do Brasil é um dos alvos de queixas. Como o banco enxerga essa legislação e o que está fazendo para cumpri-la?

O banco procura seguir todas as leis e procura colocar a maior quantidade de canais para atendimento. Temos realmente dias de pico, onde também trabalhamos preventivamente, com abertura antecipada. O banco procura sempre seguir as leis e dentro da sua atuação geralmente consegue se adequar a isso. Mas eu também diria  que essa quantidade nova de funcionários, que essa readequação da rede física de agências – com a expansão da rede e a relocalização de agências (algumas agências serão transferidas para avenidas, para melhorar o acesso dos clientes), deveremos melhorar ainda mais o atendimento. O banco se prepara cada vez mais para esse momento.

O senhor diria que o BB cumpre a lei das filas ou que está se preparando para atender cada vez melhor o que diz a lei?

Eu diria que dentro do possível  temos um balizador que para nós é chamado internamente de termômetro de atendimento, que nos permite monitorar o atendimento. Claro que muitas vezes o atendimento é comprometido não só pela atuação do banco. Em algumas regiões onde temos agência  existe deficiência de energia, de operadora de telefonia. Nós também somos demandantes de vários fornecedores. As vezes eu quero seguir a lei, mas não consigo porque em determinadas regiões não temos rapidez nos circuitos. De forma geral, o banco é cumpridor e é legalista, mas eu não posso trabalhar com exceções. Semana passada tivemos problema em agências na Zona Norte por conta de deficiências na parte de energia elétrica e na parte de transmissão de dados. O consumidor enxerga isso como problema no banco às vezes. Porque o contato dele é com o banco. Mas ás vezes o atendimento rápido não depende só do banco. De forma geral o banco tem se enquadrado e com essa nova reestruturação vai buscar cada vez mais a excelência no atendimento.

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